No Brasil, costumam dizer que é a festa portuguesa mais parecida com o Carnaval brasileiro. E talvez seja mesmo. Dois anos depois do início da pandemia, o São João volta a ser celebrado em três cidades do Norte de Portugal: Porto, Vila do Conde e Braga. Durante um mês inteiro, celebra-se a tradição e espalha-se animação. A apoteose acontece na noite de 23 para 24 de junho. As ruas são decoradas com bandeiras de papel, as casas cheiram a manjerico, nos bairros assam-se sardinhas, lançam-se balões de papel de seda, o céu fica todo iluminado, trocam-se gargalhadas com martelos de plástico e cumprimentos com alho porro, percorre-se a cidade de um extremo ao outro. Fazem-se cascatas, desfila-se nas rusgas, há baile até ser dia. O arraial só acaba de manhã e ninguém lhe fica indiferente. A festa que era da população local é cada vez mais, também, uma festa de estrangeiros, que se deslocam propositadamente a Portugal nesta altura do ano, para se deixarem contaminar por esta alegria coletiva.
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Este ano, em Braga, a organização vai dar destaque à tradição do Carro dos Pastores, que seguirá no cortejo são-joanino, no dia 24. "O velho carro, com mais de 60 anos, será substituído por um novo, para dar mais condições de segurança", adiantou, ao "Jornal de Notícias", o presidente da Associação de Festas do São João, Firmino Marques, lembrando "a sucessão de gerações" que já integraram, desde o século XVII, esta tradição associada ao nascimento do padroeiro das festas. O carro alegórico seguirá com 14 crianças vestidas de pastores, ao lado de figurantes a representarem os anjos, Isabel, Zacarias e o pequeno São João. No mesmo cortejo, que atravessa o centro da cidade, seguirão também o Carro das Ervas e do rei David.
Neste mesmo dia são esperados milhares de pessoas para a aclamação das flores, que acontecerá no Largo do Paço, e para a procissão que sairá da Sé de Braga. A Igreja de São João do Souto e a capela de São João da Ponte serão o ponto de referência para outras celebrações religiosas. Será ainda cumprida a tradição do cortejo das rusgas, as rodopiadas de gigantones e cabeçudos, os concertos de bandas filarmónicas e o fogo de artifício no Monte Picoto e na Avenida Central. A cidade espera receber 300 mil pessoas para a festa. No entanto, e mais uma vez, a organização não quer esquecer as comunidades de emigrantes. Assim, voltará a encurtar distâncias através de emissões online. Finalmente, será apresentado o projeto "São João Hoje", uma reinterpretação do cancioneiro são-joanino coordenado por Daniel Pereira Cristo.
No Porto, a festa é ainda maior, podendo reunir perto de um milhão de pessoas no dia 24. "Tivemos dois anos atípicos, em que a cidade esteve fechada. Não celebrámos o São João a não ser na nossa intimidade, com os nossos vizinhos e as nossas famílias. Por isso, queríamos muito preparar um regresso que trouxesse a todos os portuenses uma sensação de normalidade que já parecia perdida”, anunciou o presidente da Câmara Rui Moreira. Assim, além dos vários parques de diversões (os tradicionais carrosséis e as barraquinhas já estão na Praça Mouzinho de Albuquerque, na Rotunda da Boavista), das cascatas, das rusgas e do fogo de artifício, a cidade vai oferecer um programa de festas populares distribuído por três locais: Jardins do Palácio de Cristal, Largo Amor de Perdição, na Cordoaria, e Praça da Casa da Música, na Boavista.
A Praça do Rossio, nos Jardins do Palácio do Cristal, será a primeira a dar música à cidade, com os Santos Noventeiros ao ritmo de Romana, Saúl e Marante. O baile arranca às 20 horas de dia 23 e prossegue, às 22 horas, para o Largo Amor de Perdição, na zona da Cordoaria, com animação assegurada pelos artistas Toy e José Malhoa. Com início às 23.30 horas, e “de encontro aos interesses de um público mais alternativo”, Chico da Tina atua na Praça da Casa da Música. Tudo segue depois para o momento alto da noite: o fogo de artifício. Uma vez que o tabuleiro inferior da Ponte Luiz I está em obras, o espetáculo de pirotecnia que ilumina o céu nessa noite não será lançado do tabuleiro superior, mas a partir de estruturas próprias instaladas no Rio Douro, em parceria com a Câmara de Vila Nova de Gaia.
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As sete freguesias do concelho recebem também uma programação especial nos dias 17, 18, 19 e 23, com destaque para os nomes de Quim Barreiros, Zé Amaro, Bandalusa e Diapasão. No dia 24, há concerto da Banda Sinfónica Portuguesa, às 18 horas, na concha acústica dos Jardins do Palácio de Cristal.
Em Vila do Conde, o cartaz também está cheio de concertos e cerimónias tradicionais. Pela cidade passarão nomes bem conhecidos da música portuguesa, como a fadista Carminho, José Cid, António Zambujo, David Carreira, a Banda Sinfónica Portuguesa ou o Toy, que atua na noite de S. João. Haverá ainda a exposição dos Mastros de São João, na Praça da República, e o Desfile de Mordomas e Etnográfico, na Praça Vasco da Gama. Estas festividades marcam também o regresso do Festival de Novos Talentos, de 20 a 22 de junho, e a promoção de visitas guiadas gratuitas subordinadas ao tema “Conhecer as tradições de São João de Vila do Conde”.
Também aqui, o ponto alto é a noite de São João: haverá marchas luminosas dos Ranchos do Monte e da Praça, seguidas das atuações dos ranchos, para culminar na esperada grande sessão de fogo de artifício. O dia 24 é ainda marcado pela Eucaristia Solene, seguida da Procissão em honra do Padroeiro. À noite, ao contrário do que acontece nas duas outras cidades, cumpre-se a tradicional ida à praia. É aí que muitos escolhem assistir à sessão de fogo preso.
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