Não pense que está sozinho na sua luta para tentar aquecer o apartamento ou moradia em que vive, sem ir à falência. A pobreza energética abrange 10% da população da União Europeia (UE), com graves efeitos na saúde e no bem-estar da população. No Reino Unido, por exemplo, os agregados familiares são considerados pobres energéticos quando precisam de gastar mais de 10% do seu rendimento em energia, para assegurar um nível adequado de aquecimento. Em Portugal, uma em cada seis pessoas nem sequer se atreve a ligar o aquecimento por falta de recursos económicos. Imóveis muito frios, com paredes que parecem humedecer sozinhas e janelas que, mesmo fechadas, não impedem a corrente de ar são infelizmente muito comuns. Em Portugal, os números não podiam ser mais tristes: por ano, 3000 pessoas morrem de frio.
Para termos noção do que está em causa, um relatório da Eurostat revela que cerca de 13% da população da UE vivia, em 2019, em habitações com infiltrações, humidade ou apodrecimentos. No entanto, lê-se num estudo do Observatório do Ambiente, Território e Sociedade, baseado em resultados da investigação realizada pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, enquanto na UE a energia mais utilizada para aquecer a casa é o gás natural, em Portugal, a maioria da população não tem essa possibilidade, uma vez que essa rede de distribuição só chega a 34% das famílias cujas propriedades estão localizadas sobretudo nas grandes áreas urbanas. Além disso, o gás natural só foi instalado na segunda metade dos anos 1990.
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Sabendo-se que este ano está tudo mais caro, desde o gás (mais 27%) à eletricidade (mais de 31%), passando pela lenha (mais 12%), como podemos aquecer a casa de forma eficiente? Em primeiro lugar, é importante saber que a maneira mais fácil de economizar energia é manter o interior da residência à temperatura de 21ºC durante o dia e 15-18ºC à noite. Mas como conseguir isso no Inverno, sobretudo nos lugares onde os meses frios são mais rigorosos? A CNN Portugal fez as contas aqui, para ajudar as pessoas a tomarem uma decisão. E a primeira conclusão a reter é a de que quem trocou a lenha pelo sistema de aquecimento com recuperadores a pellets já se terá arrependido. A razão é simples: o preço dos pellets triplicou, custando agora 12 euros um saco de 5Kg. A lenha também está mais cara, mas o aumento não é comparável: uma carrada (metro cúbico) aumentou de 170 para 220 euros. Um vendedor de lenha, ouvido pela CNN, esclarece que se uma família acender a lareira apenas à noite, poderá governar-se com um ou dois metros cúbicos por mês. No entanto, se acender a lareira logo ao início da tarde, precisará de três ou quatro metros cúbicos. Pior do que isso é o aquecimento com aquecedores que precisam de parafina ou gasóleo, porque esses combustíveis aumentaram mais de 46%.
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Se optar por um aquecimento que dependa da eletricidade (aquecedor ou ar condicionado), a sua fatura da luz poderá ter um acréscimo de até 62 euros. Neste caso, as contas foram feitas pelo comparador de tarifas de energia e telecomunicações Selectra para o jornal online "ECO", tendo por base uma família composta por um casal com dois filhos que liga um aparelho de calor durante cinco horas por dia.
Voltamos à questão inicial: como aquecer a casa sem ir à falência? Independentemente da sua escolha como fonte de aquecimento, a melhor maneira é conhecer as quatro dicas que a Imobiliária ENTREPORTAS aqui partilha:
1. Se optar por aquecedores para aquecer o interior de sua casa, saiba que cada grau acima dos 21ºC de referência que já mencionámos vai custar-lhe mais 7% na fatura mensal. Por isso, não caia na tentação de ligar qualquer aparelho a temperaturas mais altas no início, com esperança de aquecer a casa mais depressa. Só vai conseguir gastar mais energia.
2. A lenha é a matéria-prima que menos subiu, mas as lareiras desperdiçam mais de 80% do calor, sobretudo aquelas que são abertas. Por isso, opte por substituí-la por um recuperador de calor. A diferença é que a caixa metálica vai manter a combustão hermética e torna possível, mediante aplicação de aparelhos, aquecer o resto da casa. E isto sim, é uma opção eficiente.
3. Se optar por ar condicionado, não o instale em cima ou por trás de móveis, porque vai consumir muito mais energia e o calor vai ficar bloqueado naquele lugar em vez de ser distribuído pelo resto do espaço.
4. Instale cortinas térmicas nas janelas e nas portas das varandas e terraço ou noutros lugares por onde o calor possa querer fugir. Uma cortina destas custa cerca de 25 euros. Lembre-se de que os tapetes também ajudam a isolar o frio e a humidade.
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