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São duas e não apenas uma, as cores escolhidas como tendência pelo Pantone Color Institute para 2021 - e ambas representam "a luz ao fundo do túnel". Amarelo e cinzento são as cores eleitas, e ambas surgem seguidas de dois adjetivos: iluminado e definitivo. Nada disto é por acaso. E não se trata de uma resposta fantasiosa ou poética ao exigente ano de 2020. O Instituto da Cor define, há mais de vinte anos, as tonalidades que vão marcar as tendências, influenciando o desenvolvimento de produtos na indústria da moda, do mobiliário e do imobiliário, do design industrial e gráfico. E nunca nenhuma cor teve por base outra coisa que não um estudo exaustivo sobre a forma como vivemos e como reagimos às mudanças, seja do ponto vista económico ou social, do entretenimento ou das novas tecnologias. O mundo mudou radicalmente. E a Pantone não ficou indiferente a isso. Como se chegou então à combinação destas duas cores que, aliás, já começamos a ver nas colecções Primavera/Verão 2021 de marcas como a Prada, a Gucci ou a Givenchy?
Quando a Pantone começou a fazer a pesquisa para a cor de 2021, uma pandemia espalhava-se por todo o mundo, alterando hábitos e mentalidades de forma drástica. Ficou claro para a maioria de nós que era o momento de passar da quantidade para a qualidade, de tirar o pé do acelerador para colocar o pé no travão, optando por uma vida mais calma em vez de um quotidiano permanentemente agitado. O momento de privilegiar o local em vez do global. Tudo isso aconteceu e vai influenciar o nosso comportamento e atitudes no futuro. Daí a preferência já manifestada das pessoas por casas no campo ou moradias com jardim e terraço. Mas, mais do que isso, a pandemia trouxe uma renovada clarividência sobre a necessidade que temos uns dos outros, e de como é a ligação, o laço intergeracional que nos une, que nos dá força e esperança para seguir em frente.
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Perante isto, explicou Laurie Pressman, vice-presidente do Instituto, à revista Vogue, "tornou-se claro que nunca haveria uma só cor que representasse tudo aquilo que precisava de ser representado. Era, por isso, fundamental ter duas cores independentes que pudessem unir-se. Por um lado, para transmitir, de forma subliminar, a mensagem de que sozinhos não podemos fazer nada. Por outro lado, porque é realmente a combinação dessas duas cores que conta a história".
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Leatrice Eiseman, diretora executiva do Pantone Color Institute, vai mais longe e dá detalhes sobre a construção das cores. O cinzento definitivo ("Ultimate Gray" - Pantone 17-5104) remete para a força e para a resiliência. "Se pensarmos no cinza em termos de natureza, verificamos que é a cor dos seixos da praia, das rochas, das pedras, de um conjunto de elementos que existem há milhões de anos e que não vão desaparecer. Por isso, o cinzento representa alguma coisa a que podemos agarrar-nos e que nunca nos vai falhar." E sim, claro, também tem uma associação directa à moda: "é a cor dos fatos de treino", diz Eiseman à "Vogue", a rir. Eiseman, conceituada especialista em cores, sorri, porque sabe que o fato de treino é, como a própria diz, "o anti herói do guarda roupa". Mas foi com ele que andámos vestidos a maior parte do tempo em 2020. E foi por causa dele que descobrimos uma nova forma, porventura mais simples e confortável, de estar na vida. Mas é uma cor que está mesmo a pedir outra, não é?
Daí a junção do amarelo vibrante da esperança, do sol, da luz das casas com vista mar e vista rio , do que é natural, daquilo que nasce todos os dias e continua sempre independentemente de nós. Este amarelo (Yellow Illuminating - Pantone 13-0647) é o equivalente "a um dia em que o céu se abre para deixar entrar o sol", trazendo com ele a certeza de que o melhor ainda está para chegar. "Este amarelo alegre significa pensamentos positivos, a certeza de que há alguma coisa pela qual ansiar", sentimentos que tanto Pressman como Eiseman consideram vitais para enfrentar este ano.
Estas duas cores juntas representam e comunicam a unidade, o tal laço sem o qual não podemos viver bem. "Temos de ser resilientes", insiste Laurie Pressman, "firmes e fortes, pacientes e positivos como o cinzento, para podermos chegar ao amarelo do sol. "Ao dia inicial inteiro e limpo", como escreveu Sophia de Mello Breyner. A combinação destes dois tons conta "uma história que encerra sentimentos profundos de respeito e solidariedade, com a promessa de que algo soalheiro e amigável virá".
Não é a primeira vez que a Pantone, autoridade mundial da comunicação e inspiração da cor reconhecida desde 1973, escolhe duas cores em vez de apenas uma, mas é talvez a primeira vez que a mensagem de felicidade associada é tão forte e profunda. Este ano, mais do que combinar estas duas cores na roupa, na decoração ou na arquitetura da sua casa nova, deixe-se inspirar por este espírito positivo. E comece hoje a confiar no futuro.
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