Viana do Castelo afirma-se cada vez mais no circuito internacional, assumindo-se como uma das melhores cidades portuguesas para viver, criar e comprar casa. Em 2020, a capital do Alto Minho vai juntar-se à cidade de Uherské Hradišt?, na República Checa, e em conjunto vão candidatar-se à rede de Cidades Criativas da UNESCO, do artesanato e da arte popular. O anúncio foi feito pela Câmara Municipal de Viana, no rescaldo da famosa Romaria da Senhora d'Agonia.
"As Festas de Nossa Senhora são conhecidas pelo Traje à Vianesa, o único que, até ao momento, está certificado em Portugal", sublinhou a vereadora da Cultura, adiantando que o processo de candidatura já está a ser preparado pelas duas cidades. "Já se realizou uma primeira reunião em Viana do Castelo, e outras se seguirão para acertar procedimentos e levarmos a bom porto esta candidatura conjunta que nos vai permitir não só integrar a rede mundial de Cidades Criativas da UNESCO, mas também trabalharmos em prol do património cultural, material e imaterial", explicou.
Viana do Castelo, que tem cerca de 86 mil habitantes, fica assim mais próxima de Uherské Hradišt? e dos seus 25 mil habitantes. Esta cidade checa, localizada a 23 km a sudoeste de Zlín, no rio Morava, é conhecida por seu folclore característico, pela sua música singular, pelos seus figurinos e tradições, e também pela produção de vinho. Além disso, o centro da cidade é historicamente preservado. A vereadora da cultura do Minho afirmou que, a partir de agora, será necessário proceder à realização de um "estudo rigoroso sobre os trajes e articular com a cidade Checa os pontos em comum nas duas cidades". Mas debruçando-nos sobre a cidade cujo nome, difícil de pronunciar, significa "assento forte próximo da fronteira húngara" e sobre as suas tradições, é fácil perceber por que razão as duas cidades de candidatam à UNESCO de mãos dadas. As duas cidades trazem um património cultural especial colado ao seu ADN.
Em Viana do Castelo, o traje assume-se como um símbolo tradicional da região, nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, sobressaindo o vermelho e o preto, era utilizado pelas raparigas das aldeias (ainda hoje, um dos melhores locais para investir em quintas e em moradias em redor da cidade de Viana do Castelo. As características deste traje, como o seu colorido e a profusão de elementos decorativos, permitem identificar facilmente a região a que pertencem no concelho, motivo pelo qual se transformou, segundo os especialistas, "num símbolo da identidade local".
A certificação do traje à Vianesa, com origem no século XIX, foi publicada em Diário da República no final de 2016. Em agosto de 2018, o início da confeção do Traje à Vianesa, de acordo com o Caderno de Especificações, foi assinalado com a apresentação pública dos primeiros cinco exemplares de Areosa, Afife, Santa Marta de Portuzelo, Geraz do Lima e o traje azul-escuro mais conhecido como o de Dó, que ostentam a etiqueta de certificação.
Em agosto de 2017, Viana anunciou também a intenção de candidatar o Traje à Vianesa a Património Nacional, classificação que se justificará com a "autenticidade, beleza e simbolismo" do primeiro traje certificado do país. Portanto, neste momento, esta cidade do Alto Minho está na iminência de continuar a somar título e distinções, vendo assim reconhecidas as suas virtudes antigas e modernas. Recorde-se que Viana do Castelo já pertence à Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis e à Rede das Cidades Cittaslow, uma organização não governamental criada há 20 anos com o objetivo de reduzir a velocidade da vida nas cidades, visando a melhoria da sua qualidade de vida, e que, fruto disso, foi eleita, já este ano, como o melhor distrito do país para viver.
A Rede de Cidades Criativas da UNESCO foi criada em 2004 com a missão de desenvolver a cooperação internacional entre cidades que identificaram a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento sustentável. Conta atualmente com 180 cidades. A adesão de cidades portuguesas iniciou-se em 2015 com a inclusão de Idanha-a-Nova, como Cidade Criativa da Música, e de Óbidos, como Cidade Criativa da Literatura. Em 2017, aderiram Amarante (Música), Barcelos (Artesanato e Arte Popular) e Braga (Artes de Media).